Eles visam ensinar arte pela dança, para todos o deficientes e comunidade
Mirelle Bernardino e Sara Sane
Ela dança em cadeira de rodas. Naquele vai e vem, em meio a passos deslizantes, seu corpo consegue se expressar no ritmo da música. Ao longo das voltas em uma sincronia marcante percebe-se uma vontade imensa de ganhar o mundo com a dança. Assim é a realidade de Marina Anchises, 27 anos, que participa do Projeto Pés desde 2011. A menina possui a síndrome de kabuki, normalmente caracterizada por anomalias do esqueleto e atraso mental ligeiro a moderado.
A garota atualmente é estudante de museologia na Universidade de Brasília e é ingressante da primeira turma do Projeto Pés – projeto com o objetivo de criar, provocar e executar movimentos expressivos para pessoas com deficiência através do teatro/dança. “Hoje consigo me comunicar de uma forma melhor. Minha mão, meus movimentos, minha fala tudo está melhor”, contou Marina.
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Iniciado em 2011, mas idealizado anteriormente pelo diretor e coreografo Rafael Tursi, o Projeto Pés veio para unir os deficientes e a comunidade através da dança. “O projeto pouco ajuda a reabilitar as pessoas, se relacionar que ajuda as pessoas, que se dispõem a se comunicar. Elas praticamente vem para fazer relações”, contou o diretor e coreografo.
Segundo Rafael, as relações conseguem ser mais potentes que a própria dança. “O projeto ajuda mais a mim do que eles, eles vem para dançar. É um jeito de deixar o corpo falar. Os diálogos são essenciais na superação”, afirmou. Atualmente, o projeto conta com 22 alunos, mas não são todos que possuem deficiência, pois o projeto é aberto à diversidade, qualquer pessoa pode participar.
Como a história de Lucas Resende, 24 anos, que desde criança foi diagnosticado com a síndrome de Williams problemas de coordenação e equilíbrio, apresentando um atraso psicomotor. Em uma roda de conversa o jovem afirmou, “esse lugar me trouxe muita coisa boa, melhorei muito, falo mais, muitas coisas aconteceram”.
Superação pela arte
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Na procura por benefícios para sua filha com a síndrome de Dandy Walker, Elenice Ramthum, 38 anos, escolheu o projeto para participar ao lado da menina. “Depois do projeto, minha filha teve mais independência, e ele não só ajudou ela, mas me ajudou também”, comentou.
No Distrito Federal, existem institutos inspiram estas pessoas a se superarem por meio da arte, entre eles está o projeto Asas para Dançar e Projeto Pés.
Dados no Brasil
No total, 150 milhões de crianças (com menos de 18 anos de idade) tem alguma deficiência, segundo o UNICEF. Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de deficiência motora no Distrito Federal chegou à 131.037 pessoas, sem contar o número de pessoas que não declaram a deficiência. Mesmo com um número alto, dados da Relação Anual de Informações Sociais comprovam que 403,2 mil pessoas no ano de 2015, trabalharam formalmente, mesmo com todas as dificuldades.
Saiba mais:
Síndrome de Williams É uma doença genética, possível por ambos sexos. Seu desenvolvimento motor é mais lento. Demoram a andar, e tem grande dificuldade em executar tarefas que necessitem de coordenação motora. Síndrome de Dandy Walker Esta síndrome caracteriza-se pela ausência completa ou parcial da região de trás do cérebro situada entre os dois hemisférios cerebelares, denominado verme cerebelar; alargamento do quarto ventrículo; e formação de cistos próximo da base interna do crânio. Tetraparesia Doença em que ocorre um comprometimento das funções motoras tanto dos membros superiores quanto inferiores. Nesta situação, a independência da pessoa é bastante limitada. |