Cidadãos do DF procuram meios para gerar renda e garantir estabilidade financeira

Gabriela Brandão e Mariane Brandão

Apesar do avanço do desemprego no Distrito Federal, segundo dados da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal), a economia do DF passou de oitava para sétima economia do Brasil. O PIB (Produto Interno Bruto) é quase duas vezes maior que de São Paulo, com valor aproximado de R$ 61.548,00. Existe, sim, uma alta taxa de desemprego, porém a estabilidade e expansão da economia local juntamente com a grande quantidade de funcionários público, fazem com que o Distrito Federal tenha alto índice do PIB.

Muitos cidadãos da capital do país e das cidades satélites têm procurado alternativas para gerar renda e sustentarem a si próprios e também suas famílias. Pessoas que já cansaram de procurar empregos com carteira assinada, entregaram diversos currículos e não foram chamados. Alguns contratantes afirmam que estão demitindo ao invés de contratar novos funcionários. Outros dizem que as pessoas não possuem experiência na área. Mas então nos vem a pergunta: Como adquirir experiência sem ao menos ter a oportunidade de trabalhar na área? Essa é a pergunta mais comum entre os desempregados da atualidade. Alguns cidadãos no DF sabem a resposta.

Trançando uma oportunidade

Naila Julien, 24 anos é uma moradora do Recanto das Emas. Ela vive esse dilema de não conseguir um trabalho com carteira assinada por não ter experiência. Ela tem o ensino médio completo, mas não cursou nenhuma graduação. Para ter uma renda e poder sustentar sua filha de três anos,  fez um curso de cabeleireiro, de tranças afro-descendentes e apliques. Com esta especialização, ela tem seus clientes fixos e divulga seu trabalho nas redes sociais. Ela expõe fotos de cabelos prontos e diversos penteados, tranças, apliques entre outros.

Ela afirma que esse trabalho é muito gratificante e faz seu próprio horário. “Eu resolvi buscar esses cursos, já que tinha facilidade em lidar com cabelos e penteados. Então procurei me especializar nisso e há um ano e meio trabalho por contra própria e garanto o meu sustento e da minha filha”. Ela ainda destaca o quanto foi difícil as tentativas que teve para agora conseguir essa estabilidade financeira. Passou por situações adversas, procurou emprego em todas as áreas possíveis, mas como era nova e não tinha experiência profissional, não conseguia nada. “Hoje estou mais tranquila porque com meu próprio trabalho, posso me manter e faço minha carga horária. Vou até a casa das minhas clientes e também atendo na minha casa”.

Naila Julien, assim como outros brasilienses têm se adaptado à crise financeira que o Distrito Federal e o Brasil enfrentam. Ela encontrou no curso de cabeleireiro e especialização uma forma de conter essa dificuldade e ter o sustento de todos os dias.

Segundo George Henrique, professor de economia da Universidade Católica de Brasília, a capacidade inovadora do brasileiro está fortemente associada à necessidade de encontrar ocupação. “O empreendedorismo também pode estar associado à necessidade de sobrevivência do brasileiro. O trabalhador, no momento que se encontra desempregado, desenvolve alternativas no mercado informal. Ou, se tem um capital, investe no seu próprio negócio.”

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Tranças feitas pela cabelereira Naila Julien.

                                                                                                     Fonte: Arquivo pessoal

Na busca do emprego

A rotina de um desempregado é baseada na busca incessante de uma oportunidade de emprego.  O país está vivendo uma situação complicada, com uma longa crise financeira que é também mundial, e consequentemente sofre com a diminuição do ritmo da produção e do consumo. Em março deste ano, o Governo divulgou o resultado de uma pesquisa realizada pela Codeplan, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a qual identificou 336 mil pessoas desempregadas no Distrito Federal.

Érica Ramalho, 22 anos, estudante de psicologia, está desempregada há cinco meses e relata as dificuldades de não conseguir uma oportunidade. “Procuro emprego todos os dias, entrego currículos pessoalmente e por e-mail e não estou tendo êxito na minha procura. Eu vejo muitas pessoas desempregadas, é muita concorrência, e poucas vagas são ofertadas. Já estou desesperada, preciso trabalhar para conseguir pagar a minha faculdade.”

Felippe Moraes, assessor técnico da Agência do Trabalhador no Guará, conta que pessoas de diversas idades procuram emprego e a maior dificuldade enfrentada nessa hora são os candidatos que não têm experiência profissional comprovada e falta de qualificação. “A maioria das vagas que são ofertadas pedem comprovação de experiência na carteira de trabalho e, no mínimo, ensino médio completo. Muitos candidatos que chegam procurando emprego não terminaram esse nível de escolaridade”.

Na Agência do Trabalhador também surgem oportunidades de emprego para pessoas com deficiência. Mas na maioria das vezes, apenas poucas vagas são preenchidas, porque têm pouca procura.

Ainda segundo a PED, entre fevereiro e março deste ano, 14 mil pessoas ficaram desempregadas no Distrito Federal. Com um período sazonal no mercado de trabalho na região, 15 mil entraram na disputa por um emprego e uma vez que o número de postos de trabalho teve pouca alteração.

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Sobre os problemas econômicos que causam o desemprego no Brasil, George Henrique explica que “o país está vivendo um período de recessão econômica e desaceleração. Esses fatores influenciam o crescimento do desemprego porque a economia está se contraindo, embora os últimos resultados apresentados pelo Banco Central tenham mostrado uma reversão. Essa é uma tendência para sair da crise econômica”.

O economista afirma ainda que as empresas vão demorar um tempo para poder contratar mão de obra porque o custo é alto e elas pensam duas vezes antes de contratar um novo trabalhador. Se a economia cresce, a tendência é que novos empregos sejam gerados e ocorra a redução do desemprego. Mas, por outro lado, a tendência nos próximos anos e que a mão de obra tenha baixa qualificação. “A incerteza política e a não realização das reformas prometidas pelo atual Governo fazem com que a economia brasileira tenha um crescimento baixo, mas com uma propensão para sofrer uma gradual e lenta redução do desemprego”, acredita George Henrique.

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George Henrique, professor e coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília. 

Foto: Faiara Assis