Poliana Fontenele

Enquanto os jovens de hoje já nascem e crescem no mundo da internet, outras pessoas têm que se acostumar a essa realidade e podem sentir certa dificuldade na aprendizagem do manuseio de aparelhos e recursos digitais. Os idosos são uma parcela das pessoas que passam por essa situação, e nem todos são abertos a tais inovações.

Aparecida Caixeta, 76 anos, é uma dona de casa que não aderiu à internet e comenta que sentiu uma grande diferença quando todos que conhecia começaram a utilizar. “Eu percebi que a minha família, aquelas pessoas que eu conversava diariamente por telefone, pararam de ligar com tanta frequência e começaram a entrar em contato uns com os outros apenas por mensagem de celular”, diz. Para Aparecida, o método “antigo” ainda é a melhor forma de contatar os familiares, seja por telefone fixo ou com uma visita casual. Mas por que não utilizar a aclamada internet? Ela admite que, apesar de ter tentado, não consegue entender completamente como funciona esse mundo tecnológico. De acordo com ela, a dificuldade é ocasionada pelo fato de apenas possuir visão do olho esquerdo.

Para o aposentado Cláudio Amorim de 67 anos, a internet ajuda na comunicação com os filhos e netos, que aliás, foram os mesmos que o ensinaram a usar aparelhos celulares mais modernos e as redes sociais. “Eles demoraram para me convencer, eu achei que não ia conseguir aprender. Mas, analisando bem, acredito que aprendi rápido”, revela. Na opinião dele, o Facebook é a melhor forma de se manter atualizado sobre a família e amigos. “Eu pude encontrar amigos antigos pela internet, aqueles que eu não via fazia um bom tempo. Entrar em contato e saber como eles estavam foi uma experiência maravilhosa”, conta Cláudio.

Cláudio Amorim aderindo à famosa selfie (Foto: arquivo pessoal)

AUXÍLIO GRATUITO

A integração do idoso com a tecnologia é um dos principais focos do Centro de Convivência do Idoso, da Universidade Católica de Brasília. Para Zélia Pessoa, coordenadora do projeto, a questão é importante justamente por auxiliar na aproximação entre famílias. “Toda a tecnologia de hoje interfere na vida social do idoso, principalmente na relação familiar. Então, o nosso objetivo é buscar além do aprendizado dele, nós queremos que as famílias compreendam as dificuldades que eles possuem”, explica. A coordenadora deixa claro que o projeto não ensina apenas a utilização das redes sociais, mas também de aplicativos de bancos e de instituições clínicas. Zélia ressalta que, com esses conhecimentos, “o idoso economiza tempo e sente uma mudança no seu dia-a-dia”.

O Centro de Convivência do Idoso (CCI) tem parceria com o curso de Ciência da Computação da UCB e recebe o auxílio de alunos e professores voluntários para integrar o ensino dos idosos. Ainda de acordo com Zélia Pessoa, é importante que o aluno entenda as dificuldades e limitações do idoso e o ajude a superar essas barreiras. “Para a gente, é muito fácil lidar com esse novo tipo de comunicação, mas para eles é tudo muito novo. Então essa ausência da tecnologia pode ser suprida pela nossa compreensão e disposição”, diz.

Atividades do CCI estimulam idosos com a tecnologia (Foto: Facebook Centro de Convivência do Idoso)

Todo ano, a procura do público pelo projeto aumenta consideravelmente. Ao todo, em 20 anos de existência, o projeto da Universidade Católica de Brasília já ajudou mais de 800 idosos a se conectarem no mundo da tecnologia. Para 2018, o objetivo do CCI é aumentar as turmas que recebem e o número de idosos integrados. Os cursos são gratuitos e semestrais, e as inscrições acontecem logo no começo do período letivo.

Para mais informações, ligue (61) 3356-9486, compareça na UCB, Campus 1, Bloco L, Sala 11 ou acesse o site clicando aqui.