Larissa Lago

A lei distrital 3.218 estabelece o modelo de educação inclusiva em todas as escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal. Foi aprovada em 2003, e desde então, outros documentos foram elaborados para ajudar na implantação desse ensino nas escolas. Um deles é o Estatuto da Pessoa com Deficiência, também conhecido como a Lei Brasileira de Inclusão – LBI, que está em vigor desde 2016 e é um conjunto de leis que aborda várias dimensões, uma dessas a educação, que tem um capítulo inteiro dedicado somente a ela.

Os estudantes brasileiros com algum tipo de deficiência são amparados por essas e outras leis, que garantem seu direito à educação e definem que suas diferenças sejam reconhecidas e valorizadas no ambiente escolar. Isso implica ao professor, que precisa tomar medidas individuais e coletivas que proporcionem a socialização desses alunos.

Mas será que isto está dando certo dentro da sala de aula?

A professora Eliane Valério, 45 anos, trabalha na Secretaria de Educação desde 2012 e sempre teve contato com alunos com deficiência. Segundo ela, a Inclusão Escolar tem seus desafios na prática, ainda não está funcionando como a lei prevê, porém, o importante é a escola dar seu melhor para avançar cada vez mais. “São muitos os desafios que impedem que o processo flua com naturalidade, mas que precisam ser enfrentados. O professor precisa estar preparado para lidar com as diferenças, com a individualidade e a diversidade de todas as crianças que estão sob sua responsabilidade”, opina.

A professora, que leciona no Centro de Educação Infantil 04 de Taguatinga, uma escola 100% inclusiva em que as turmas são reduzidas para atender da melhor forma os alunos deficientes, também fala sobre os recursos que deveriam fazer parte de todas as escolas para auxiliar nesse atendimento. “As Salas de Recursos funcionam como apoio e complementação. São essenciais no desenvolvimento escolar desses alunos”, comenta a educadora.

Eliane destaca, ainda, que a Escola Inclusiva vai além do direito do aluno de estar em uma turma regular reduzida e da dedicação dos pais e professores. “Acolher um aluno com deficiência é tão gratificante quanto qualquer outro estudante sem deficiência, mas a inclusão não é só acolher. Também devemos promover sua aprendizagem e tornar satisfatório o processo inclusivo”, conclui a professora.

OUTRA VISÃO

Além dos pontos apresentados anteriormente, outra importante parte para fazer o processo de inclusão vigorar é a convivência entre os alunos dentro e fora da sala de aula. Valorizar a diferença é a chave, e passar essas mensagens aos pequenos nem sempre é fácil.

 

duda escorregador
A aluna Maria Eduarda brincando no escorregador (Foto: arquivo pessoal)

Nicoly de Carvalho tem 6 anos e é uma das alunas da professora Eliane. Ela convive com dois alunos que possuem deficiência, o Cristiano, que é cadeirante, e a Maria Eduarda, que possui síndrome de down. Nicoly diz que ela e seus colegas sempre brincam com os dois, mesmo com as diferenças. “Eu gosto muito de brincar com o Cris de pega-pega, alguém leva a cadeira dele e sai correndo atrás da gente. Mas a tia diz para a gente sempre tomar cuidado para não o machucar. Com a Duda eu gosto de brincar no escorregador, porque ela não gosta muito quando a gente toca nela”, diz a estudante.

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Os alunos Lara (á direita) e Cristiano (meio) posam para a professora Eliane no recreio da escola. (Foto: arquivo pessoal)

Colega da mesma classe de Nicoly, Lara Taveira, 6 anos, explica que entende as limitações dos seus colegas e que sabe que não pode ter o mesmo comportamento que eles. “Às vezes a Duda sobe na mesa, mas gente não pode fazer a mesma coisa. Ela não entende igual a gente”, comenta a aluna.